A voz na sala de controle soou. “Você está bem?”
“Um pouco cansado, eu acho”, eu disse.
Eu mudei rapidamente de roupa e segui pelo corredor. Passos apressados vinham atrás de mim. Já tinha bastante certeza a quem eles pertenciam.
“Eu te conheço bem demais”, ela disse me alcançando. “O que há realmente de errado?''
Eu hesitei. “Bom, eu não sei como isso soa, mas eu vi uma foto hoje nos jornais. Um golfinho se afogou em uma rede de pesca. Do modo que seu corpo estava marcado pela rede, dava para ver a sua agonia. Seus olhos estavam apagados, mas ainda existia aquele sorriso, aquele que os golfinhos nunca perdem, mesmo quando eles morre...'' Minha voz esgotou.
Ela encostou sua mão suavemente na minha. “Eu sei, eu sei.”
“Não, você não sabe ainda. Não é somente porque eu fiquei triste, mas eu tive que encarar o fato que um ser inocente morreu. Golfinhos adoram dançar – de todas as criaturas marítimas, esta é a marca deles. Eles não nos pedem nada, eles dão cambalhotas em meio às ondas, enquanto nos maravilhamos. Eles correm na frente dos navios, não para chegar primeiro, mas para nos dizer: “Com tudo podemos brincar. Mantenha a rota, mas dance no caminho.”
''E ali estava eu, em meio ao ensaio, e eu pensei. 'Eles estão matando a dança.' E então pareceu somente certo interromper. Eu não posso impedir a dança de ser morta, mas ao menos, eu posso fazer uma pausa em memória, de um dançarino para outro. Isso não faz sentido?''
Seus olhos eram tenros. “Claro, desta forma. Provavelmente, nós esperaremos anos antes que todos concordem em como resolver isso. Tanto interesses estão envolvidos. Mas é muito frustrante esperar melhoras no amanhã. Seu coração gostaria de poder resolver agora.”
“Sim”, eu disse, abrindo a porta para ela. “Eu apenas tive esta sensação, e isso é o suficiente por hoje.''